
Há pelo menos uns dois anos, desde que a crise econômica e financeira no País se intensificou, pessoas de todas as profissionais enxergaram nos aplicativos de viagem, um meio de trabalho e fonte de renda
Com o aumento do desemprego gerado pelo impacto da pandemia, os índices alarmantes de desempregos subiram, e as opções de trabalho diminuem a cada dia. Ser motorista de aplicativo virou uma saída mais urgente para reforçar o orçamento cada vez mais apertado.
Foi justamente a falta de oportunidades no mercado de trabalho que fez o engenheiro Fagundes Ribeiro de Mello, de 45 anos, entrar para a rede de motoristas de aplicativo. O engenheiro trabalhou numa empresa na região durante 20 anos, com ganhos acima de cinco salários mínimos mensais. Com o aplicativo, ele consegue em média R$ 200 por dia, se dirigir por uma jornada de 10 horas. Já são três meses rodando no Vale do Aço. “É hoje praticamente toda a minha renda,” reforça Fagundes.
O engenheiro, que é casado e pai de três filhos, e mora em Ipatinga há quase 30 anos, vê a atividade como temporária. “Espero muito em breve voltar para a engenharia”, afirma.
Acostumado ao ambiente de escritório, Fagundes financiou um carro que atendia aos padrões da empresa. Segundo ele, começa a dirigir às 4 horas e segue até as 22 horas, às vezes madrugada adentro.
O engenheiro comenta que sua vida mudou completamente, pois a nova atividade não comtempla com um valor fixo para pagar todas as suas dívidas mensais, e principalmente, não considera suficiente para manter a família, apesar de dobrar sua jornada de trabalho. Ele diz que um dos principais motivos para não alcançar ganhos maiores é o valor dos combustíveis. Mas se preocupa com a instabilidade. “Se eu sair do sistema ou ficar impossibilitado de trabalhar, não tenho segurança”, diz o motorista.
Alternativas como os aplicativos de transporte têm grande apelo em tempos difíceis, explica o professor de economia Eduardo Zylberstajn, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Somente de março a maio deste ano, o índice de desemprego medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 35,2%, a maior média trimestral já registrada.
Complemento. Aplicativos como o Uber e 99 (mais utilizados no Vale do aço) também têm atraído quem deseja complementar a renda. O fenômeno é notado pelos próprios aplicativos. Os responsáveis pelas empresas afirmam que o aplicativo funciona como um meio de fuga da crise ou de complemento à renda da família do motorista parceiro. “O profissional trabalha quando e quanto quiser”, informam.
Redação: Manoela Suely
Colaboração: Cristian Favaro
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